janeiro 30, 2005

A inveja é uma merda

Luiz Alberto Py é psicanalista e trabalhou no acompanhamento dos participantes do Big Brother Brasil. Ao final da primeira edição do programa, deu uma entrevista explicando a vitória do dançarino bobão Kleber Bam-bam. Segundo ele, a escolha do público expressava uma marca bem típica da brasilidade: a inveja.

Em outros países, os vencedores de programas do gênero têm sido, em geral, estrategistas inteligentes, ou pessoas bonitas, ou pessoas charmosas; no Brasil, o prêmio foi para o menos invejável dos participantes: um idiota, ignorante, humilde, bobo alegre. Para o psicanalista, o brasileiro que vota nesses programas — derrota máxima — não estaria disposto a entregar tanto dinheiro a alguém que fosse melhor que ele, um vencedor de fato, em qualquer sentido que se dê ao termo.

Passadas quatro edições do programa, a avaliação do psicanalista permanece inabalável; coincide com o que já se disse por aqui em relação aos esportes. Trata-se de uma tendência, sem dúvida. Mais do que o programa — who cares? —, ajuda a entender como chegamos a isto. Se os brasileiros são realmente movidos pela inveja, então a inveja é mesmo uma merda.