outubro 05, 2004

Escreva este livro

Lendo esta matéria sobre os bicheiros, lembrei-me de um advogado criminal da velha guarda de quem fiquei amigo. Ele atuou em alguns dos casos mais notórios de crimes envolvendo essa gente e me convidou várias vezes para escrever com ele uma história pouco documentada: a do jogo do bicho no Rio de Janeiro.

Traições, intrigas, ciúmes, desencontros, discussões, acordos e, principalmente, paixões moveram — e movem — esse pessoal. Lances incríveis não perdem em nada para as emoções das histórias da máfia. Falta um Mario Puzzo para romanceá-los; eu não tenho tempo ou talento para a empreitada. Elegância é fazer a oferta aos amigos, mas aviso de saída que é material para um bom fôlego: muita pesquisa, muita entrevista e alguma coragem.

Em tempos de tráfico de drogas comandado por moleques de dezoito anos — os mais violentos (quanto menos se experimentou a vida, mais desumano se é) —, há algo a resgatar na nostalgia das contravenções aceitáveis. Tem romantismo essa história. Quem se candidata a contá-la?