outubro 03, 2004

Ticket-Eternidade

Não assistir ao debate americano me permitiu entender que o Ocidente continua confrontando o Islã. Tenho miopia e costumo ver bem de perto, mal de longe. Pelo que li — principalmente, por quem li —, fico com a impressão de que a questão é ideológica: quem bate melhor, a esquerda ou a direita?

Por aqui, algo semelhante se passa, pelo menos no Rio de Janeiro. Um bispo tem de um quinto a um quarto das intenções de voto (a conferir) para a prefeitura. Já é, sem dúvida, a grande ameaça política brasileira, confirmando essa força universal a ser combatida — tendência irreversível. Ainda não há terrorismo strictu sensu e talvez não chegue a haver, porque dá muito trabalho e requer um pouco mais de ódio; mas que assusta, assusta.

O problema é que o inimigo está entre nós (ele está no meio de nós). Não se trata de cerrar os punhos ou de dar as mãos. Os bispos já tomaram emprestadas as artimanhas da esquerda e da direita. Insuflam pelo medo, acenam com o ticket-eternidade. Parece-me que é o caso de fazer um acordo. Enquanto é tempo.