Da idiotice humana
Há, para quem não sabe, uma escala da idiotice humana. Cada um de nós se comunica com pessoas que se situem até dois graus acima ou abaixo do próprio grau. Para os que estão abaixo, rende-se admiração, sempre disfarçada de respeito, para não pegar mal; para os que estão um pouco acima, fazem-se concessões — assunto para um post do Márcio, a ver. Se a diferença for maior, nenhuma comunicação é razoável; predomina o ruído.
Por isso, o constrangimento das reuniões na casa daquele amigo sociável. Encontros com mais de oito e menos de vinte pessoas não funcionam. Forçosamente, haverá um intervalo de idiotice grande demais. Acaba com o idiota 2 sendo chamado de convencido, só porque teve a sorte e o ânimo de ler um livro que ninguém ali conhece (ou porque não conhece uma tal de Lia Luft); ou com o idiota 7 sendo alvo de gargalhadas incontidas, sem percebê-las, rindo também.
O sistema é complexo e exige detalhamento para o caso de um leitor de idiotice muito alta. Funciona mais ou menos assim: Michael Moore, por exemplo, é um idiota 7. Por isso, os idiotas 5 e 6 o aturam, fazendo concessões: “Ah, mas você não pode negar que o filme é bem feito!”; os idiotas 3 e 4 escrevem textos para criticá-lo, mostrando todos os erros que ele comete em cada cena; os idiotas 1 e 2 nem se dão o trabalho de comentar o filme e ficam constrangidos com quem comenta; e o idiota 0 não o conhece. Acima de 7, os idiotas 8 e 9 acham Michael Moore genial: “Quero ver o Bush se eleger depois desse filme!”; o idiota 10... Bem, o idiota 10 foge à lógica dessa escala: ele não entende quem vai ao cinema para ver documentário. Mas nós o perdoamos, porque ele é o próprio gente-boa.
Por isso, o constrangimento das reuniões na casa daquele amigo sociável. Encontros com mais de oito e menos de vinte pessoas não funcionam. Forçosamente, haverá um intervalo de idiotice grande demais. Acaba com o idiota 2 sendo chamado de convencido, só porque teve a sorte e o ânimo de ler um livro que ninguém ali conhece (ou porque não conhece uma tal de Lia Luft); ou com o idiota 7 sendo alvo de gargalhadas incontidas, sem percebê-las, rindo também.
O sistema é complexo e exige detalhamento para o caso de um leitor de idiotice muito alta. Funciona mais ou menos assim: Michael Moore, por exemplo, é um idiota 7. Por isso, os idiotas 5 e 6 o aturam, fazendo concessões: “Ah, mas você não pode negar que o filme é bem feito!”; os idiotas 3 e 4 escrevem textos para criticá-lo, mostrando todos os erros que ele comete em cada cena; os idiotas 1 e 2 nem se dão o trabalho de comentar o filme e ficam constrangidos com quem comenta; e o idiota 0 não o conhece. Acima de 7, os idiotas 8 e 9 acham Michael Moore genial: “Quero ver o Bush se eleger depois desse filme!”; o idiota 10... Bem, o idiota 10 foge à lógica dessa escala: ele não entende quem vai ao cinema para ver documentário. Mas nós o perdoamos, porque ele é o próprio gente-boa.
4 Comments:
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Muito engraçado! Você tá cada vez melhor.
Beijo da amada, amada.
Olha, vou dar uma dica: o post fala mal do Michael Moore...
Excelente Rabin!
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