setembro 09, 2004

Pequeno tratado da chatice humana. Ou: Pedido desesperado de ajuda.

Da República do velho Platão à Ética do Bento Espinoza, o chato fica sempre de fora. Alguém aí sabe como resolver o problema? O feio, o estúpido e o grosseiro podem ser tratados a tapa. O chato não: gosta de apanhar. Também não dá pra ser sutil: o chato não entende. Nem mesmo se pode chateá-lo: ele nos torna alvo preferencial de sua chatice.

Acho que o chato é como aquelas baratas depois de uma guerra nuclear. Invencível, locupletando-se em sua chatice. E talvez até matando as baratas de tédio. Creio que nem mesmo sozinho o chato deixa de ser chato. Sobretudo porque o chato verdadeiro não se sabe chato. Imagina-se perspicaz, loquaz, curioso, presente, indispensável. O chato de verdade deve ser especialista em alguma coisa. Um esporte insólito, uma série de TV idiota, um autor pretensioso. Mas, acima de tudo, um bom chato adora teatro.

Não fiquemos com a piada fácil de dizer que isto aqui está ficando chato — até porque está mesmo. Esse post não quer teoria; quer conselhos, sugestões, técnicas, para um problema real do signatário: um chato que o persegue há tempos. O leitor tem alguma idéia?